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Visto o corpo com o cheiro desta manhã. O trânsito entope-se numa avenida longe daqui. Guardo as olheiras de uma noite com sonhos, uns atrás dos outros. Pessoas conhecidas, desconhecidas. Conversas incompletas. Abro os olhos e sinto o fumo do cigarro a invadir-me as narinas. Faço má cara e jogo-o fora.
Dias iguais a outros de um ano qualquer. Coração mais experiente, corpo mais usado. Boca continua a mesma, talvez menos vermelha e não tão dada aos ímpetos mais apetecidos.
Este dia poderia ser igual a outro é verdade. Mas não o é. Marca um novo começo, um novo viver, com o amor dentro de um casaco gasto de Inverno.