quarta-feira, 1 de agosto de 2007

7

Estás num quarto e eu noutro. Estás deitado na cama e eu sentada no chão. Bebes chá de sabores indefiníveis e eu vinho que me deixou os lábios negros. Brincas com o isqueiro e eu com um objecto anti-stress.
Há duas horas atrás fiz-te vir na minha boca enquanto me agarravas com força o cabelo. Há uma hora atrás vim-me eu na tua boca enquanto arranhava compulsivamente os lençóis. Há meia hora atrás fumamos erva e ficámos encostados à parede suja. E ainda me lembro que fugiste para o quarto e passado breves instantes segui eu para este. É assim que continuaremos até resolveres falar comigo.

Bates à porta. Entras, deitas a cabeça no meu sexo e fechas os olhos.

- Eu não consigo
- Eu sei
- E agora?
-...











Porque por mais que pensemos que é o amor que nos pode salvar, estamos errados. O amor só vence os obstáculos que nós como sujeitos individuais estamos preparados para ultrapassar.

No nosso caso, o amor ficou e nós partimos.



Boa viagem, meu muito amor.

3 comentários:

Dhyana disse...

O texto lembrou-me a alguém... amei o último parágrafo que encerra a verdade das verdades.
Beijos...

pentelho real disse...

Fiz 16 anos a semana passada, se o rei meu pai, sabe que ando a ler estas coisas...

vida de vidro disse...

Tudo dito no final do texto. É isso mesmo. **